Postado por INEST em 26/ago/2015 -
Publicado em Sábado, 22 Agosto 2015 19:12Por Gilson Carvalho
A última atividade do Simpósio Internacional O Brasil na Segunda Guerra, realizada nessa sexta, 21 de agosto, foi a mesa de encerramento que teve o tema O mundo pós-guerra, com a participação dos professores Williams Gonçalves, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Eurico de Lima Figueiredo, diretor do INEST. O professor Vagner Camilo Alves atuou como moderador.
Williams Gonçalves lembrou que a Segunda Guerra Mundial representou uma mudança radical no sistema internacional de poder, com ascensão dos Estados Unidos e da União Soviética, resultado direto do conflito bélico, e que levou, a partir de 1947, ao surgimento de dois blocos, configurando a chamada Guerra Fria. Outras conseqüências foram o surgimento de uma nova ordem internacional, tanto do ponto de vista político, com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), quanto do econômico, com a realização das conferências de Bretton Woods e o surgimento, em 1947, do Acordo Geral de Tarifas e Comercio (GATT, na sigla em inglês), que evoluiria para Organização Mundial do Comércio (OMC) em 1986. Gonçalves ressaltou que vivemos um momento de transição, com uma nova ordem mundial sendo constituída a partir do surgimento de novos blocos econômicos como os Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Como conferencista, o professor emérito Eurico de Lima Figueiredo, diretor do INEST, desenvolveu a apresentação de encerramento guiando seu raciocínio em quatro proposições: a indispensabilidade da compreensão do fim da segunda guerra mundial para entender o mundo atual, a reflexão sobre a bipolaridade ideológica vigente até 1991, as consequências do fim do conflito e da polarização ideológica para a América Latina e o Brasil e, por fim, como a Segunda Guerra pode ajudar a compreender as interações entre os Estudos Estratégicos e as Relações Internacionais.
Gabriel Passetti, Eurico de Lima Figueiredo, Vagner Camilo Alves e Williams Gonçalves — foto: Mariana Guimarães
A conferência de encerramento foi mediada pelo professor Vágner Camilo, que dividiu com o prof. Gabriel Passetti, a coordenação do evento.
Balanço final
Ao fazer um balanço final, o professor Gabriel Passetti, declarou estar plenamente satisfeito com o resultado:
– Após um ano de trabalho, tudo saiu como esperávamos, com discussões de alto nível sobre a Segunda Guerra Mundial, a partir de uma perspectiva brasileira. Foram sete mesas, quatro especialistas estrangeiros, vários brasileiros, mostra de filmes, com participação de diretores e produtores. Eu não poderia estar mais feliz.
Professores e alunos que participaram da organização do Simpósio Internacional — Foto: Leandro Ortolan
Passetti agradeceu a dedicação de toda a comissão organizadora, que contou com a participação de vários docentes e alunos de pós-graduação do INEST, as agências de financiamento e, principalmente os monitores, alunos de graduação em Relações Internacionais, que trabalharam durante toda a semana e ajudaram a construir o êxito do Simpósio.
Publicado em Sábado, 22 Agosto 2015 19:06Por Gilson Carvalho
O último dia do Simpósio Internacional O Brasil na Segunda Guerra teve a mesa-redonda composta pelos pesquisadores Luiz Carlos Delorme Prado, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Francisco Luis Corsi, da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Hélio de Lena Junior, do Centro Universitário de Volta Redonda, que discorreram sobre o tema “Aspectos econômicos”. A moderação coube ao professor Fernando Roberto de Freitas Almeida, do Instituto de Estudos Estratégicos (INEST).
Luiz Carlos Delorme Prado, Fernando Roberto de Freitas Almeida e Francisco Corsi — foto: Mariana Guimarães
A mesa foi aberta por Luiz Carlos Prado, falou sobre as conseqüências econômicas da Segunda Guerra mundial no Brasil e na América do Sul, enfatizando as diferentes posições tomadas pelos brasileiros e argentinos, principais países do continente, e como os acordos de Bretton Woods, acertados em julho de 1944 naquela localidade, nos Estados Unidos, consolidaram a hegemonia norte-americana no pós-guerra.
A seguir, Francisco Corsi explicou como o período entre guerras representou uma oportunidade para o desenvolvimento das nações periféricas, a partir da desarticulação das economia mundial, e como a necessidade de financiamento para a construção de um parque industrial obrigou o Brasil de Getúlio Vargas a alinhar-se com os Estados Unidos, em detrimento da Alemanha, com quem flertara, permitindo a criação da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda — RJ, marco inicial da industrialização brasileira.
Por fim, Hélio de Lena Junior, demonstrou como o projeto de nação proposto por Getúlio Vargas buscava conciliar a ideia de um “homem novo” e um desenvolvimentismo autoritário, posto em prática a partir de 1944, com a instalação de uma “company-town”, surgida ao redor da CSN no vale do rio Paraíba do Sul, naquela que viria a ser a cidade de Volta Redonda.
Por Andrés Peñaloza Lanza e Manuela Melani, do Cosmopolítico, especial para o Portal do INEST
O quarto dia, 20 de Agosto, do Simpósio Internacional O Brasil na Segunda Guerra Mundial, foi constituído por duas mesas. A primeira abordou novamente a política externa brasileira durante a Segunda Guerra e foi mediada pelo professor do INEST Renato Petrocchi e composta pelos palestrantes Rebecca Herman (Universidade da Califórnia, em Berkeley), Delmo Arguelhes (UniEURO, de Brasília) e Érica Monteiro (UFRJ).
Renato Petrocchi, Rebecca Herman, Erica Monteiro e Delmo Arguelhes. Foto: Mariana Guimarães
A professora Rebecca Herman abordou o processo de construção de bases militares e pistas de pouso na América Latina, dando ênfase na cooperação entre empresas de aviação norte-americanas e o governo dos Estados Unidos no esforço de guerra. Ressaltou alguns casos específicos, ocorridos no Brasil, em que o discurso do governo estadunidense, voltado à cooptação de aliados, divergiu da política realizada por empresas americanas, em especial no que tange ao respeito aos direitos trabalhistas. Procurou demonstrar a tensão entre a colaboração internacional e a soberania nacional, e como no caso do Brasil, a sua política externa afetou diretamente a politica doméstica. “Existe um padrão de resolução de conflitos onde os lideres sustentam a soberania nacional mas no processo de negociação se mostram dispostos a diminuir a soberania nacional”, relatou Rebecca.
Seguindo o cronograma, tomou a palavra o professor Delmo Arguelhes, com o tema era A Conferencia dos chanceleres americanos no Rio de Janeiro (1942): o ponto de inflexão da política externa getulista. Arguelhes explicou como a intenção da entrada no Brasil na guerra foi definida com a Conferencia Panamericana, quando foram feitos acordos de solidariedade e defesa no continente, liderados pelos Estados Unidos. O resultado da conferencia de chanceleres foi uma recomendação de rompimento das relações com o Eixo, antecipando a predominância dos Estados Unidos na América Latina.
Por fim, a professora Monteiro expôs uma análise da relação entre o Estado e a iniciativa privada no esforço da guerra, com a pesquisa intitulada Em tempos de guerra lucrar é preciso: iniciativa privada e relações interamericanas durante a II Guerra Mundial. O tema da pesquisa surgiu após a observação de símbolos e slogans presentes nas propagandas de guerra que exaltavam a democracia liberal e estereotipada os inimigos. Ao afinal, apresentou um vídeo intitulado A guerra como slogan com material publicado no Brasil com iniciativa privada americana.
Prosseguindo a programação do quarto dia, o professor do INEST Vágner Camilo tomou a palavra e chamou os palestrantes Francisco César Ferraz (UEL), João Rafael Moraes (IESP-UERJ) e Dennison de Oliveira (UFPR) para dar início a mesa Novas leituras e novas fontes sobre a Segunda Guerra Mundial.
Francisco Ferraz — foto: Mariana Guimarães
O professor Ferraz apresentou uma serie de considerações historiograficas sobre a produção bibliografica acerca da participação brasileira na guerra. Ele mostrou o levantamento dos títulos que tratavam da FEB e constatou que o tema possui pesquisas consistentes, muitas vezes ainda ignoradas. Também observou uma tendência a publicações de artigos com temas como a entrada do Brasil na guerra, a relação entre Brasil e EUA, cotidiano e regionalismo, reintegração e pós-guerra e estudos culturais.
A seguir, o professor João Rafael abordou o tema A reflexão da intelectulidade militar brasileira sobre a Blitzkieg n’A Defesa Nacional. Em sua exposição, contrapôs a influência francesa e alemã no sistema de ensino e instrução. Afirmou que a derrota da França em 1940 pela nova estratégia rápida e total alemã levantou questões sobre a validade da doutrina militar francesa que foi emulada por duas décadas. Constatou a grande dependência brasileira, na época, em matéria de doutrina militar.
João Rafael Gualberto Morais — foto: Mariana Guimarães
Para finalizar, o professor de Oliveira apresentou a tese de seu novo livro Aliança Brasil-EUA: nova história do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Tomando como objeto de análise a documentação da Comissão Mista de Defesa Brasil-Estados Unidos em Washington e no Rio de Janeiro. Ressaltou a importância do acervo documental que teve acesso no Arquivo Nacional de Maryland para as descobertas de novos aspectos da história da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial.
Dennison Oliveira — foto: Mariana Guimarães
Publicado em Sábado, 22 Agosto 2015 09:45A terceira sessão do Diplomacine, dentro do Simpósio Internacional O Brasil na Segunda Guerra, trouxe Márcio Bokel, montador e roteirista do filme Senta a Pua, documentário que aborda o papel do primeiro grupo de aviação de caça, que atuou na Força Expedicionária Brasileira, no teatro de operações italiano.
Prof. Petrochi e Márcio Bokel — foto: Mariana Guimarães
Bokel contou em detalhes os relatos dados por pilotos do grupo de caça. Ele mostrou aos presentes certas características do dia a dia daqueles aviadores durante o conflito, não somente no que se refere às suas técnicas e às aeronaves utilizadas, mas em especial ao fator humano, suas apreensões, o convívio, as perdas e as memórias.
Bokel também revelou pormenores técnicos preciosos em relação à escolha das imagens históricas que compuseram a obra, como os vídeos feitos a partir de câmeras instaladas nos aviões, recuperadas em bases brasileiras e nos Arquivo Nacional dos Estados Unidos, e fotografias raras obtidas ao longo da produção do documentário.
A obra ganhou os prêmios de melhor filme e montagem no festival de Cinema de Natal e de melhor filme no festival da Amazônia. As sessão foi moderada pelos professores Renato Petrocchi e Vágner Camilo Alves.
Publicado em Quarta, 19 Agosto 2015 21:30Por Manuela Melani, do Cosmopolítico, especial para o Portal INEST
O Simpósio Internacional: O Brasil na Segunda Guerra contou nesta quarta-feira, 19 de agosto, com a mesa Política Externa Brasileira. Moderada pelo professor Eduardo Heleno, a mesa contou com a participação dos palestrantes Fábio Koifman, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Alexandre Luis Moreli Rocha Fundação Getúlio Vargas (FGV-CPDOC) e João Baptista de Abreu Júnior , da UFF.
João Baptista de Abreu Júnior, Alexandre Moreli, Eduardo Heleno e Fábio Koifman — foto: Mariana Guimarães
O professor Fábio Koifman tratou do tema Política imigratória brasileira e a Segunda Guerra Mundial, contextualizando desde as políticas de branqueamento promovidas pelo Estado Novo, até as restrições migratórias impostas pela entrada do Brasil na guerra. Koifman chamou atenção ao fato da emissão e controle do visto ter passado do Ministério das Relações Exteriores para o Ministério da Justiça após o início do conflito e o consequente aumento do número de refugiados.
A seguir, tomou a palavra o pesquisador Alexandre Moreli que abordou sobre a importância estratégica do espaço Atlântico na Segunda Guerra Mundial e a necessidade de se entender o conflito de interesses existente nesta região. Ele ressaltou a relação entre Portugal, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Brasil para a proteção do mar interior e das ilhas portuguesas que gerou uma cooperação competitiva, principalmente entre os britânicos e americanos.
O palestrante João Baptista trouxe para o debate o papel do rádio e da propaganda na guerra psicológica. Com o título O rádio, a Segunda Guerra Mundial e a batalha sonora do Brasil deu ênfase às transmissões feitas tanto pelos Aliados como pelo Eixo no território brasileiro, tendo como objetivo o esforço de guerra. Trouxe um áudio para exemplificar como era feita a difusão de informações na rádio no período de conflito.
Vágner Camilo Alves, foto de Mariana Guimarães
Após o término da mesa da tarde, aconteceu a última atividade do dia, a Conferência Uma análise estrutural sobre o envolvimento brasileiro na Segunda Guerra Mundial, ministrada pelo Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Estudos Estrtégicos (PPGEST) professor Vagner Camilo. O pesquisador afirmou que „Nada mais falso do que a visão de Getulio Vargas ter escolhido o lado que iria colaborar na guerra”, enfatizando a necessidade de se analisar como o sistema internacional trouxe o Brasil para dentro do conflito.
Por Manuela Melani, do Cosmopolítico, especial para o Portal INEST
Na manhã de quarta-feira, 19 de agosto, teve início a programação do terceiro dia do Simpósio Internacional: „O Brasil na Segunda Guerra” com a exibição do filme de ficção “A Estrada 47” pelo Diplomacine, cineclube do curso de Relações Internacionais da UFF. A sessão contou com a participação do diretor do filme, Vicente Ferraz, para um debate.
O filme „A Estrada 47″ foi produzido em 2014 e estreou em 2015, já faturando o prêmio de melhor filme no Festival de Gramado. A trama narra a história de soldados brasileiros da FEB no front italiano que se perderam de seus postos na montanha após uma explosão e passam a ser vistos como possíveis desertores. Para mudar esse quadro, eles decidem dizimar a famosa estrada 47. Mais que isso, trata dos temores e medos dos pracinhas que foram à guerra despreparados, relatando suas vivências, muitas vezes de pânico, e a necessidade de serem vistos como heróis por suas famílias.
O diretor Vicente Ferraz e o professor Gabriel Passetti — foto: Mariana Guimarães
O diretor Ferraz afirma que por ter sido da geração do final da ditadura civil-militar, não tinha interesse em abordar o exército. Contudo, com o tempo, reviu a experiência e passou a ver a atuação da FEB na Segunda Guerra Mundial como um exército que lutava pela democracia, contra as forças fascistas.
É importante ressaltar que o episódio da Estrada 47 não existiu na realidade, foi uma história criada para refletir sobre o papel da FEB e da guerra. O contato com os ex-combatentes e com a comunidade italiana, além das cartas dos jovens soldados da FEB foram fundamentais para a humanização do filme. „Este filme é um tributo aos jovens brasileiros que arriscaram suas vidas pela democracia e pela república”, relata Vicente.
Publicado em Terça, 18 Agosto 2015 20:31Por Andres Peñaloza e Manuela Melani, do Cosmopolítico, especial para o Portal do INEST
Dando continuidade à programação de terça-feira, 18 de Agosto, do Simpósio Internacional O Brasil na Segunda Guerra, o professor Adriano de Freixo abriu a segunda mesa do evento, Movimentos Sociais e Políticos. O debate contou com a participação de Alexandre Fortes, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, (UFRRJ), Francisco Carlos Palomanes Martinho da Universidade de São Paulo,(USP) e Luís Edmundo de Souza Moraes, também da UFRRJ.
O professor Fortes iniciou sua fala mostrando como a guerra afeta as relações sociais num país, tratando do caso específico do Brasil. No país, ocorreram intensos sociais anti-Eixo entre os anos de 42 e 45 que estabeleceram condições para uma ruptura nas relações e a possibilidade da consolidadão de projetos reformistas. A formação da classe trabalhadora foi acelerada pela guerra por mais que os campos de batalha estivessem distantes da realidade brasileira.
O professor Francisco Carlos Palomanes inicialmente abordaria o tema da crise e continuidade do Salazarismo na Segunda Guerra, porém, tomou a liberdade de focar em como a Segunda Guerra influenciou o processo de descolonização portuguesa, ainda no governo de Salazar.
Francisco Carlos Palomanes Filho, Luiz Edmundo de Souza Moraes, Adriano de Freixo e Alexandre Fortes, foto: Mariana Guimarães
Por último, o professor Moraes apresentou o tema O Partido Nazista no Brasil, as colônias alemãs e o Estado Brasileiro especificando como o partido nazista realmente funcionava no Brasil, desmistificando a teoria da quinta coluna. Segundo o pesquisador, o partido nazista se constituiu de forma descentralizada, não necessariamente dentro das colonias alemães, como afirmava o artigo „Nazistas no exterior” publicado no New York Times naquela época. Apesar dos dados empíricos, o mito da quinta coluna ainda é forte, relata Luís Edmundo.
António Duarte — foto: Mariana Guimarães
Apos o encerramento da mesa, o professor português António Paulo David Silva Duarte, do Instituto de História da Universidade Nova de Lisboa, proferiu uma conferência intitulada Portugal na Segunda Guerra Mundial: da Neutralidade a Co-beligerância. Duarte focou sua apresentação na geopolítica de Portugal na Segunda Guerra e como a Grã-Bretanha afetou sua estratégia. Alem disso, ressaltou a neutralidade do pais ibérico em suas diversas etapas, visando manter o status quo da península, mantendo a Espanha como aliada para evitar relações com o Eixo.
Publicado em Terça, 18 Agosto 2015 20:00Por Manuela Melani e Andres Peñaloza, do Cosmopolítico, especial para o Portal INEST
No segundo dia do simpósio „O Brasil na Segunda Guerra”, na terça-feira de manhã, 18 de agosto, foi apresentado o filme „Caminho dos heróis”, do diretor e músico João Barone (baterista dos Paralamas do Sucesso), que também esteve presente para a apresentação e debate após a sessão.
O documentário, produzido pelo History Channel, mostra a viagem da equipe de Barone pela Itália, seguindo o caminho feito pela batalhão de soldados da FEB, desde a entrada do Brasil na guerra, em agosto de 1942. Dirigindo réplicas dos mesmos carros de guerra que os pracinhas usaram naquela época (incluindo o avô de Barone), a equipe passa por todas as cidades percorridas pela missão brasileira, visitando os monumentos, memórias e ex– combatentes italianos e brasileiros, recolhendo testemunhos das conquistas e derrotas da FEB.
O músico e diretor João Barone, entusiasta e pesquisador sobre a FEB, ao lado dos alunos do INEST
Além da passagem do batalhão e o recolhimento dos fatos históricos, é marcante a presença e herança brasileira em terras italianas, sobretudo nas pequenas comunidades, onde a guerra não foi apenas um motivo de cooperação bélica, mas também de convívio diários, e que felizmente tiveram um resultado muito positivo, em ambos os lados. É notável a ação dos soldados brasileiros em comparação com os anglo-saxões, pois aqueles são lembrados pela sua sensibilidade e proximidade com os povos das cidades por onde passavam, dividindo alimentos e remédios. Tal fato é comprovado pela existência de museus e locais homenageando os feitos da FEB na Itália, a exemplo de Montese.
Barone esclareceu que utiliza de sua posição como musico do Paralamas do Sucesso para chamar atenção ao assunto e ressaltar a importância de se estudar a presença da FEB no front italiano não como um episódio secundário. O diretor afirmou que a motivação para a produção do documentário veio de sua vivencia pessoal e interesse pelo tema, alem da necessidade de esclarecer e perpetuar a memória da participação da FEB na guerra. O professor Vagner Camillo encerrou o debate resumindo a exibição „Mostra o que os livros escrevem, alem de dar a dimensão humana ao episodio”.
Como parte da programação do primeiro dia do Simpósio Internacional O Brasil na Segunda Guerra, após a conferência de abertura, teve início a primeira mesa com o tema Cultura e Política, moderada pelo coordenador do evento, professor Gabriel Passetti. A mesa foi composta por Orlando de Barros, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Michel Gherman, da Universidade Hebraica de Jerusalém, e Vinícius Mariano de Carvalho, do King’s College de Londres.
O professor Orlando de Barros iniciou sua fala abordando a presença dos grandes artistas na Segunda Guerra Mundial e seus papéis de entreter os soldados e amenizar as dificuldades inerentes ao conflito. Partindo dai, tratou da Guerra dos artistas (título de seu mais recente livro) e de como estes foram fundamentais no esforço da guerra e nas Cantinas dos Combatentes, local onde os soldados confraternizavam, acrescentando que a arte exaltava o patriotismo.
A seguir, tomou a palavra o palestrante internacional Michel Gherman, que falou sobre Holocausto, testemunho e memória em terras brasileiras. Por meio de uma análise comparativa da imagem do sobrevivente do Holocausto e do soldado judeu combatente, e do uso de duas figuras importantes, Aleksander Laks e Salomão Malina, estabeceleu a existência de duas guerras paralelas, Segundo ele, na memória política, a presença mais forte é a da vítima do extermínio. É pouco conhecido o fato de 40 judeus brasileiros terem lutado na FEB (Força Expedicionária Brasileira), enquanto que a história das vitimas judias da Segunda Guerra Mundial é exacerbada.
Michel Ghermann, Gabriel Passetti e Vinícius Mariano de Carvalho — foto: Mariana Guimarães
O professor Vinícius Mariano de Carvalho, do Brazil Institute, concluiu a sessão, caracterizando a produção artística como muito presente entre os pracinha da FEB. Utilizando recursos audiovisuais, apresentou diversos poemas e músicas que retratavam a experiência desses combatentes brasileiros na guerra e sua vivência dentro desta comunidade.
Uma interessante frase pode servir para concluir o tema Cultura e política: entender a memória da guerra como resistência, e não como trauma; resistência desde o ponto de vista do papel dos judeus como soldados de guerra, como herois e não como vítimas, e também a música, o teatro e a poesia como resistência aos terrores da guerra.