Postado por INEST em 26/ago/2015 -
Texto e imagem: Gílson Carvalho
O diretor da Organização Mundial para Prevenção de Armas Químicas (OPAQ), Mark Albon, apresentou na última segunda-feira, 24 de agosto, no campus do Gragoatá, uma palestra sobre “A convenção de armas químicas e a OPAQ”. O evento foi organizado pelo Núcleo de Estudos Estratégicos Avançados (NEA), do INEST-UFF, através dos professores Eduardo Brick e Márcio Rocha, e atraiu estudantes da graduação em Relações Internacionais e do mestrado em Estudos Estratégicos da UFF.
Albon explicou que a OPAQ é uma organização internacional independente criada em 1997, mas que faz um trabalho de cooperação com a Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de eliminar armas de destruição de massa, trabalhar para convencer países que ainda não aderiram à Convenção, monitorar indústrias químicas para reduzir o risco de que produtos químicos sejam usados inapropriadamente, prover assistência e proteção aos países-membros em caso de ataque ou ameaça por armas nucleares, e promover a cooperação internacional para o uso pacífico de produtos químicos. No momento, 191 países são membros da OPAQ. O último a se unir foi Mianmar. Apenas cinco membros da ONU não assinaram a adesão: Angola, Coréia do Norte, Egito, Israel e Sudão do Sul. O primeiro diretor-geral da OPAQ foi o embaixador brasileiro José Maurício Bustani, que conduziu a entidade até 2002.
Mark Albon explicou que a ideia de se estabelecer um mecanismo de controle de armas químicas começou no fim do século XIX, em Haia, na Holanda, que sediou duas rodadas de negociação, em 1899 e 1907. O trauma da Primeira Guerra levou ao Protocolo de Genebra, de 1925, que proibiu o uso de arsenal químico no campo de batalha. O acordo assinado naquele ano serviu de base para a Convenção sobre Armas Químicas, em vigor hoje, e administrada pela OPAQ.
A última denúncia de uso de armas químicas ocorreu em 2013, na Síria, que na época não fazia parte da OPAQ. Após inspeções que comprovou a utilização de gás sarin na guerra civil naquele país, uma enorme pressão internacional fez com que Damasco aderisse à organização, que promoveu, com auxílio de uma força internacional que incluiu Itália e Estados Unidos, a eliminação total do agente químico assim como das instalações usadas para sua fabricação e estocagem. Em 11 de outubro daquele ano, o Comitê Norueguês do prêmio Nobel anunciou que a OPAQ tinha sido agraciada com o Prêmio Nobel da Paz para „extenso trabalho para eliminar as armas químicas”.